No Festival, as cumplicidades com outras instituições multiplicam-se em 2009. Voltamos a reforçar a parceria com o Teatro Nacional São João, com espectáculos também no TECA – Teatro Carlos Alberto e Mosteiro São Bento da Vitória. Também marcamos presença, pelo quarto ano consecutivo, na edição do Serralves em Festa. Neste mapeamento de felizes colaborações, o FITEI conta com apresentações no Teatro do Bolhão e na Biblioteca Almeida Garrett. Pela primeira vez estaremos na Fundação Escultor José Rodrigues – Fábrica Social, no Palácio da Bolsa, no Coliseu do Porto e no Centro Português de Fotografia. Estendemo-nos também este ano a Matosinhos, ao Cine-Teatro Constatino Nery. Mas não são estes os únicos espaços do Festival, também saímos à rua, numa contaminação festiva entre os espaços urbanos e os seus públicos, ocasionais ou não. Vamos subir à Torre dos Clérigos e fechamos o Festival nas ruas de Matosinhos.
Mantemos a rede de extensões do FITEI, fortalecendo a presença do Festival muito para além dos palcos da cidade do Porto. O Teatrão, em Coimbra, e o Fórum Cultural José M. Figueiredo, na Moita, são as escolhas para 2009.
Do programa do FITEI 2009, destacamos os regressos de algumas companhias ao Festival e de muitas novidades. À semelhança das duas últimas edições do Festival, Espanha continua a ter uma forte presença na nossa programação. Voltamos a acolher os Fura del Baus que, depois de oito anos de ausência nos palcos do Porto, apresentam no Coliseu do Porto “Boris Godunov”, uma peça dirigida por Alejandro Ollé. O programa também contempla o regresso dos Atalaya com “Ariadna”, espectáculo com honras de abertura neste Festival, e dos galegos do NUT Teatro, numa co-produção entre o Centro Dramático Galego e o FITEI.
De Espanha, aguardamos as estreias em território nacional de Nacho Vilar Producciones com “Businessclass” e Matarile Teatro com “Animales Artificiales”. Mantemos as maiores expectativas para o encerramento nas ruas de Matosinhos, numa festa que começa com um concerto jazz do grupo galego St. James Street Band, seguindo-se no Cine-teatro Constantino Nery, a Entremans com a performance “Vem”. Regressa-se à rua com a “Invasión Pirata”, do grupo de Vigo Troula Animación e termina-se com a Companhia Voalá com um notável espectáculo de dança aérea.
Com um olhar atento à produção nacional, acolhemos também algumas companhias portuguesas que marcaram presença em várias edições do Festival, como os Artistas Unidos, com a peça “Onde Vamos Morar” e o Teatro do Bolhão, com a estreia de “Traições”. Mas nem só de regressos é marcada a programação de companhias nacionais, apresentamos ainda Célia Ramos com “As filhas da mãe - fantasias eróticas das Mulheres Portuguesas” e Pedro Gil com a peça “Mona Lisa Show”. Contamos com uma dupla apresentação de Filipa Francisco, primeiro com “Leitura de Listas”, numa colaboração com André Lepecki, e depois com Idoia Zabaleta, em “Bicho eres un bicho”. Atento ao desenvolvimento do novo tecido teatral português, apostamos na apresentação do Teatro do Frio e Comédias do Minho com a peça “Estufa Fria”.
Do universo do mundo Ibérico, vamos acompanhar as viagens do encenador venezuelano Rodolfo Molina, de volta com o novo grupo de teatro El Theatron e a peça “Que Clase de Sexo”, e dos brasileiros Cª dos Pés na subida ao Clérigos com “Asas”. Mas este ano, vamos ainda mais longe. Passamos pela Alemanha com a Familie Flöz e o seu “Teatro Delusio” e pela França com Ici et Là e “Dormir Accompagné”.
Num desafio único ao público do Festival, apresentamos este ano a peça “La Piel del Agua”, do Teatro em el Aire, um espectáculo exclusivo para o público feminino, inspirado nos "hammam" – banhos turcos – exclusivos para as mulheres nas sociedades muçulmanas.
Mas o FITEI não fica por aqui. Em torno deste núcleo central de programação, vamos ter conferências, exposições e debates. Antecedemos a abertura oficial do Festival com o concerto pela St. James Street Band. Seguem-se as exposições “Ich bin kein Berliner” de João Tuna, que inclui ainda uma conversa entre o fotógrafo e Paulo Eduardo Carvalho, e “Contrapontos visuais”, onde os fotógrafos Susana Neves e Pedro Sottomayor revisitam as últimas três edições do FITEI. Apresentamos o documentário “Brook by Brook” de Simon Brook, sobre um dos mais aclamados encenadores do
século XX: Peter Brook. Partimos à descoberta dos universos de Fernando J. León Jacomino sobre o “Teatro de Rua em Cuba” e com Guilhermo Heras, seremos conduzidos na conferência “As Artes Cénicas Ibero-americanas e o Papel da Iberescena Debate”. Na vertente formativa, o FITEI convida Lidia Rodriguez, directora da companhia Teatro en el Aire, para um exercício sobre o processo criativo, e Roberto Merino, com “Diabos à Solta”, em exercícios performativos com os seus alunos da ESAP.
Com este programa, o FITEI propõe dezasseis dias de teatro e não só, de reflexão e debate, de caminhos cruzados, de exploração ao mundo das artes do palco nas suas mais diversas formas e momentos.
Mário Moutinho