Nesta edição do FITEI - um pouco por acaso, um pouco porque parece haver uma tendência para tal - é possível delinear-se essa geografia de emoções. E nesses afloramentos encontra-se uma característica comum, a de fazer teatro que possa fazer parte de um certo processo social ou que intervenha como um rastilho nas consciências individuais.
E com que espanto, mais uma vez, o espectador pode despertar para essas emoções com a sensação de que tudo já foi dito e de que tudo deve continuar a ser dito. Encontramos neste festival inspirações de várias tendências históricas de um teatro que, de forma abrangente, se pode chamar de intervenção; melhor, de reflexão sobre os problemas colectivos de uma certa civilização.
O teatro grego com as suas comédias "moralizantes" e o constante desafio ao destino e ao poder das suas tragédias cruza-se com o pragmatismo democratizante do teatro do oprimido, e de outras as exigências populares do século XX ou o humanismo do "Siglo del Oro" espanhol. Toda a tradição conflui aqui, nos palcos do FITEI, numa explosão de estéticas e experiências performativas, neste ainda indeciso e jovem século XXI.
Mário Moutinho